Freud pôde identificar um desencontro primordial: um ponto de perda constitutiva que inaugura a lógica de funcionamento do aparelho psíquico em busca do objeto perdido. A elaboração da teoria freudiana revela o trabalho incessante do inconsciente, velado como um muro pelo campo da linguagem e revelado por suas formações. É com as marcas da obra freudiana que Lacan se apropria da teoria psicanalítica, afirmando que o inconsciente é estruturado como uma linguagem.
Este trabalho terá como direção tecer a lógica que se estabelece no tempo da constituição do sujeito, buscando problematizar sua condição pontual e evanescente, aquilo que surpreende a partir de um saber que se encontra alhures ao campo das ideias associativas. Tomar a constituição do sujeito como eixo implicará um percurso a partir da noção de cadeia significante, da lógica que engendra o falante em sua fantasia, atrelada ao seu sintoma, ponto de aprisionamento do sujeito, onde sua manifestação pode ser escutada por meio de suas elaborações ao longo de uma análise.
Abordaremos uma articulação teórica e clínica dos primórdios da constituição, no que tange ao nascimento de um sujeito e à incidência de suas primeiras marcas, inscritas pela razão desde Freud, e à maneira como elas podem se revelar nas entrelinhas do falante, tão distante e, ao mesmo tempo, tão presente, inacessível e surpreendentemente visível em suas manifestações.
Bibliografias:
Freud, Sigmund. (1896). “Carta 52”. Em: Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud, vol. 1. Rio de Janeiro: Imago, 1996.
______________. (1915). “O recalque”. Em: Escritos sobre a psicologia do inconsciente, vol. 1. Rio de Janeiro: Imago, 2024.
Lacan, Jacques. (1953). “Função e campo da fala e da linguagem em psicanálise”. Em: Escritos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1998.